Descontos Indevidos no Empréstimo: O Que Fazer e Como Resolver
Descobriu descontos indevidos no empréstimo? Saiba como identificar a cobrança ilegal, recuperar valores, pedir devolução em dobro e proteger seus direitos.
11/30/20253 min read


Descobrir valores descontados sem autorização em seu benefício ou conta bancária é uma situação angustiante e, infelizmente, muito comum. Empréstimos consignados, refinanciamentos e contratações supostamente "automáticas" frequentemente geram cobranças que o consumidor não reconhece. A boa notícia é: essa prática é ilegal, e existem caminhos seguros para interromper os descontos, recuperar o dinheiro e buscar indenização.
Este artigo explica, de forma clara e técnica, o que caracteriza o desconto indevido, quais são os seus direitos e como agir corretamente.
O que é considerado desconto indevido?
O desconto é indevido quando não existe autorização válida ou quando o valor cobrado não corresponde ao que foi contratado. Isso inclui tanto operações fraudulentas quanto falhas internas das instituições financeiras.
Os casos mais frequentes envolvem:
Empréstimos não contratados, geralmente decorrentes de fraude ou emissão de contrato sem a manifestação de vontade do consumidor.
Cobrança acima do pactuado, quando as parcelas descontadas têm valor superior ao previsto no contrato.
Descontos após a quitação, situação típica de consignados encerrados cujo débito continua ativo na folha.
Portabilidade forçada, quando a dívida é transferida para outro banco sem consentimento.
Renegociações escondidas, em que o consumidor acredita estar refinanciando, mas acaba vinculado a um novo contrato com condições desfavoráveis.
Em qualquer dessas hipóteses, o consumidor está diante de uma violação clara de direitos.
Por que isso acontece?
Os descontos indevidos podem resultar de:
falhas nos sistemas bancários;
condutas abusivas de correspondentes;
uso indevido de dados pessoais por terceiros;
falta de conferência interna pelas instituições;
práticas comerciais agressivas e não transparentes.
Apesar das justificativas, a responsabilidade é sempre da instituição financeira, que deve garantir segurança e clareza na contratação.
O que diz a legislação?
O direito do consumidor é amplamente protegido nesses casos. Entre os principais fundamentos:
Responsabilidade objetiva das instituições financeiras por falhas na prestação de serviços.
Direito à devolução em dobro dos valores cobrados sem fundamento legal, desde que não haja engano justificável.
Obrigação de reparar danos morais, especialmente quando os descontos comprometem o orçamento familiar ou decorrem de fraude.
Em outras palavras, mesmo que a origem da cobrança esteja ligada a terceiros, o banco deve responder e reparar o prejuízo causado.
Quais provas são importantes?
Para facilitar a solução do problema e fortalecer uma futura ação judicial, é essencial reunir:
extratos bancários ou contracheques com os descontos;
contratos de empréstimos reconhecidos pelo consumidor;
comprovantes de quitação;
registros de protocolo com SAC e ouvidoria;
boletim de ocorrência, em caso de suspeita de fraude;
prints, e-mails e reclamações feitas em canais oficiais.
Toda documentação auxilia a demonstrar a inexistência de relação jurídica válida.
Como resolver: passo a passo
1. Identifique a origem do desconto
Verifique no extrato qual instituição está realizando a cobrança e se existe algum contrato que a justifique.
2. Exija a suspensão imediata
Registre reclamação no SAC e na ouvidoria. Guarde todos os números de protocolo.
3. Formalize também nos órgãos oficiais
Se o banco não resolver, registre queixa em:
Banco Central;
Procon;
Esses registros funcionam como prova adicional da tentativa de solução amigável.
4. Procure um advogado especialista
Quando os descontos persistem ou envolvem valores relevantes, a via judicial é a forma mais eficiente de resolver o problema. O advogado poderá:
pedir tutela de urgência para interromper os descontos imediatamente;
calcular corretamente os valores pagos a mais;
solicitar devolução em dobro;
pleitear indenização por danos morais.
Em muitos casos, a liminar sai em poucos dias, cessando a cobrança já no mês seguinte.
Você tem direito à devolução em dobro?
Sim, desde que fique comprovado que a cobrança não teve justificativa legal. Em situações de fraude ou contratação inexistente, a devolução em dobro é praticamente automática.
Exemplo: Se você pagou R$ 2.000,00 indevidamente, terá direito a receber R$ 4.000,00 corrigidos e acrescidos de juros.
Danos morais: quando se aplicam?
A indenização costuma ser reconhecida quando:
os descontos afetam despesas básicas do consumidor;
há fraude na contratação;
o banco se recusa a resolver;
a cobrança perdura por meses;
existe constrangimento ou insegurança financeira.
Dependendo da gravidade, os valores podem variar de acordo com o entendimento do juiz e o impacto no caso concreto.
Conclusão
Portanto, descontos indevidos em empréstimos não são meros “erros administrativos”: representam falha na prestação do serviço e violação direta aos direitos do consumidor. A legislação brasileira oferece mecanismos sólidos para proteger o cidadão e garantir:
suspensão imediata dos descontos;
devolução em dobro dos valores pagos;
indenização por danos morais quando cabível.
Se você identificou cobranças que não reconhece, não tente resolver sozinho e não aceite justificativas vagas das instituições.
Procure orientação de um advogado especializado e assegure o respeito aos seus direitos.
